Felicidade em francês se diz bonheur que significa “boa hora”, “bom tempo”.
Imaginemos grande embarcação a realizar longa viagem pelo oceano.
Seria possível ganhar tamanhas lonjuras sem atravessar em algum momento um mau tempo? – Claro que não.
Analogicamente falando, é o que ocorre mutatis mutandis1 em torno as nossas vidas.
Muita gente no mundo gasta horas e horas de vida praticando a filosofia dos recém-nascidos: felizes a bom tempo, mas, a vista de qualquer mudança por menor que seja, passam imediatamente a chorar pelo seio materno.
Não brotou neles ainda a compreensão de que os “maus” tempos são portadores de lições essenciais para o amadurecimento de suas almas com vistas às aquisições imperecíveis do espírito.
Iludidas, pensam que todo acontecimento destoante de seus projetos ou pretensões, a negar-lhes os caprichos, as teimosias, e veleidades que lhes compõem o caráter são para aumentar seus tormentos e angústias…
Desligadas de si mesmas, não se dão conta de que a maioria de seus sofrimentos é autoprovocado pela ausência de reconhecimento da necessidade de crescimento, maturação, aperfeiçoamento…
Temos de tomar consciência de que há em nosso mundo íntimo muita agonia, ânsia e desconsolo que nos ocupam o coração por opção nossa.
A vida exige que aprendamos a pensar com o Cristo de Deus o ensinamento luminar que reza: “Onde o nosso tesouro, lá também nosso coração”.
Diante de semelhante lição, nos será possível coordenar a existência – viagem que não começa no berço, nem termina no túmulo – atentos aos reais valores, evitando todo tipo de opressão, suplício ou desolação que nos queira invadir o coração.
Tarquínio
1 Mudando o que tem de ser mudado.