A intolerância religiosa é algo mais comum do que se pensa. É um termo que descreve a atitude mental caracterizada pela falta de habilidade ou vontade de reconhecer e respeitar diferenças ou crenças religiosas de outros.
As pessoas por não conhecerem os costumes das diversas religiões acabam criticando e julgando sem conhecer.
A maioria dos grupos religiosos já passou por tal situação numa época ou em outra.
Um exemplo dessa intolerância na Antiguidade é a perseguição dos primeiros cristãos. Continuou a existir ainda antes do fim do Império Romano; recrudesceu durante a Idade Média; passou pelo século XIX e atingiu níveis nunca vistos antes na história da Humanidade no século XX.
A intolerância religiosa foi, no processo histórico, a maior causadora das guerras entre nações, tanto que vários países do mundo incluíram cláusulas em suas constituições proibindo expressamente a promoção ou prática de certos atos de intolerância religiosa ou de favorecimento religioso dentro das suas fronteiras.
No Brasil, com o crescimento da diversidade religiosa, foi verificado um aumento dessa intolerância, tendo sido criado até mesmo o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa – 21 de Janeiro.
Na legislação brasileira, há vários dispositivos que condenam a discriminação religiosa. O artigo 208 do Código Penal diz: “Escarnecer de alguém publicamente, por motivo de crença ou função religiosa; impedir ou perturbar cerimônia ou prática de culto religioso; vilipendiar publicamente ato ou objeto de culto religioso”. – Pena: detenção de um mês a um ano ou multa. Parágrafo único – “Se há emprego de violência, a pena é aumentada de um terço, sem prejuízo da correspondente à violência”.
O que significa a palavra tolerância? E respeito? Tratamos o próximo da mesma forma que gostaríamos de ser tratados? Somos severos para com os outros e indulgentes para conosco ou severos para conosco e indulgentes para com os outros?
Tolerância – do latim tolerantia, do verbo tolerare que significa suportar, tolerar. É uma atitude de respeito e de compreensão com os pontos de vista dos outros.
Respeito – do latim respectus, de reespicere que significa olhar. Sentimento de consideração
àquelas pessoas ou coisas dignas de nossa veneração e gratidão, como aos pais, aos mais velhos, às coisas sagradas, aos sentimentos alheios etc.
A palavra tolerância relaciona-se com o substantivo “respeito” e o verbo “suportar”. Consequentemente, devemos não somente respeitar como também suportar o próximo e a nós mesmos.
Quantas não são as vezes que pensamos estar agradando aos outros e não percebemos o elevado grau de grosseria, hostilidade e autoritarismo que lhes causamos. Eles acabam nos aturando porque não têm outra saída. É o caso do relacionamento entre o funcionário e o seu chefe. Se não lhe obedecer, estará sujeito a perder o emprego.
Dessa forma, a tolerância obriga-nos a respeitar a regra de ouro: “Não fazer aos outros o que não gostaríamos que nos fizessem”. Evitar fazer mal aos outros, entretanto, é uma atitude meramente passiva.
O respeito, ao contrário, carrega uma polaridade ativa: ”Fazer ao próximo o que gostaríamos que nos fizessem”, o que leva ao “Amar ao próximo como a nós mesmos”.
De acordo com Aristóteles, enquanto o respeito constitui uma virtude que nunca pode pecar por excesso, porque quanto mais respeito se tem mais se ama, a tolerância é o exemplo de uma virtude que se praticada em excesso, resulta em indiferença, e, em falta, traz o sabor da intolerância.
A Lei de Justiça, Amor e Caridade ajuda a compreender a tolerância, porque a sua base está calcada na figura de Cristo. Foi Ele que nos passou todos os ensinamentos de como amar ao próximo como a nós mesmos.
Numa Casa Espírita, o respeito ao próximo deve ser praticado com cada colaborador.
O Espiritismo, entendido como ciência, filosofia e religião, é o que mais subsídios nos dá para respeitar as crenças e os comportamentos do nosso próximo. Isto porque, “quanto mais o ser humano sabe, melhor compreende os comportamentos humanos, desarmando-se de idéias preconcebidas, da censura sistemática, dos prejuízos das raças, de castas, de crenças, de grupos”.
A frase atribuída a Voltaire, exemplifica bem esse tema: “Não concordo com nada do que você diz, mas defenderei o seu direito de dizê-lo até o fim”.
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