Ele existe?
Ah! Sempre sonhamos com o “mundo ideal”, onde tudo e todos se comportem do jeito que achamos que deva ser. E, por isso não acontecer, utilizamos, ainda que inconscientemente, essa justificativa para não fazermos o que nos compete. A Nossa Mudança!
Quantas vezes desistimos da refrega, em virtude dessas desculpas?
João, o Evangelista, vencendo a pusilanimidade dos apóstolos, se pôs junto a Maria, ao pé do madeiro, e ouviu do Cristo:
— Mãe, eis aí teu filho!
— Filho, eis aí tua mãe!
A partir desse momento, ficou o tirocínio para todos nós. Os anos se passaram, e naquele Oasis de luz, em Éfeso, que recebia todos os tipos de necessitados; quando o tempo já entalhara em seu corpo, todas as suas marcas, sempre que João era perscrutado sobre uma lembrança dos seus dias com Jesus, dizia:
— Ah! Eu me lembro do mestre pedindo que nos amassemos, uns aos outros…
Hoje, ao buscarmos esse refrigério, em nossas casas de oração, acabamos nos esquecendo desse precioso e fundamental ensinamento, e muitas vezes, nos preocupamos mais com assuntos que nada se referem ao escopo do nosso ideal.
Acabamos agindo como Marta, a irmã de Lázaro, e nos ocupamos com a postura dos nossos companheiros ao invés de cuidarmos da nossa:
Fulano aplica o passe assim;
Beltrano disse isso;
Cicrano fez aquilo;
Eu sou um fundador dessa casa… – sem perceber que está afundando – e esse aí chegou agora e já quer participar disso ou aquilo;
Isso sempre foi feito assim;
Agimos como se tempo “de” doutrina, fosse sinônimo de “tempo vivenciando a doutrina”.
Queremos tarefas “nobres”, de visibilidade, de direção, e nunca nos lembramos de que os banheiros também devem ser limpos, e as vassouras devem ser empunhadas…
Usamos como exemplo o Óbolo da Viúva, e ensinamos aos outros a maneira de se fazer caridade. Porém, na primeira oportunidade, agimos como os hipócritas em seus sepulcros caiados, e proclamamos aos quatro cantos tudo que já fizemos… Acreditando que somos o paladino da espiritualidade.
Batuíra, lembra-nos que uma casa de oração é também um templo de luz, lar de esperança, o abrigo dos fracos, reforço dos fortes, educandário dos carentes de conhecimento, universidade dos sábios, escola dos iniciantes, oficina dos servidores, lar dos sozinhos, refúgio dos sofredores e jardim para os cultivadores do bem entre outras.
Contudo, entramos sempre de maneira tão automática, que acabamos nos esquecendo dessas advertências, e acabamos por querer, que lá seja o nosso mundo ideal; sem respeitarmos as diferenças.
Irmão José nos adverte: Quem não procura pela Luz, pelas trevas é procurado!
Respeitar as diferenças, não é ser conivente com o erro. O mal adquire determinadas proporções, em virtude da inércia dos bons…
Assim, fiquemos com o exemplo de Chico Xavier, que depois de esgotada todas as possibilidades de se adequar aos objetivos da Comunhão Espírita Cristã, e por não concordar com os rumos que a Casa estava seguindo, ao invés de “forçar” uma mudança de conduta de seus dirigentes, ele simplesmente se retirou, e foi vivenciar os seus objetivos no Grupo Espírita da Prece.
Deixando-nos sua conduta de vida, como o maior legado, ele nos alertou:
“O dia que tirarem Jesus do espiritismo, eu deixo de ser espírita, e tento ser cristão”.
Foto ilustrativa: ceac.org.br