Dois pacientes conversam no manicômio:
– Sou Francisco de Assis!
– Como soube?
– Uma revelação!
– De quem?
– De Deus.
– Mentira! Nunca lhe falei nada disso!
Este é o clássico exemplo de doentes mentais afastados da realidade, a estagiar num mundo de fantasia.
Distúrbios graves dessa natureza, originários de acidente circulatório, senilidade, mal de Alzheimer e outros, situam-se por cobranças cármicas que o destino faz ao paciente e à família. É o decantado resgate de débitos pretéritos, conforme ensina a Doutrina Espírita.
Comenta Kardec, em O Evangelho segundo o Espiritismo:
…é certo que a maioria dos casos de loucura se deve à comoção produzida pelas vicissitudes que o homem não tem a coragem de suportar.
Interessante, leitor amigo.
O Codificador considera que a loucura, na maioria dos casos, é produzida pela inconformação diante de situações difíceis, como a morte de um ente querido, o desastre financeiro, a decepção amorosa, a doença grave, a solidão…
Se a tensão é muito grande, pela recusa em enfrentar os desafios existenciais, fervem os miolos, derrete a razão.
O mesmo ocorre com muitos recém-desencarnados. Nas reuniões mediúnicas deparamos com entidades nessa lamentável condição. Pouco afeitas à oração e à reflexão, mente prisioneira das ilusões da Terra, têm dificuldade para encarar as realidades do Além, estagiando na alienação.
Mais lamentável que a alienação mental, que atinge Espíritos encarnados e desencarnados, é a alienação existencial que lhe dá origem. É o viver sem noção dos porquês da existência. De onde viemos, o que estamos fazendo na Terra, para onde vamos?
Fiz certa feita pesquisa junto a colegas de trabalho, com destaque para a seguinte pergunta: qual o objetivo da Vida? Pasme, leitor amigo! A maioria, mesmo dentre os que se diziam religiosos, não soube responder!
Pergunto-lhe: como pode alguém viver de forma disciplinada, corajosa, espiritualizada, na Terra, se não sabe a que veio? Por isso as pessoas desajustam-se diante das vicissitudes, ficam doentes, atribuladas, infelizes, nervosas, desembocando, não raro, em transtornos mentais que podem culminar na alienação.
O Espiritismo nos ajuda a superar a alienação existencial, a partir da fé racional, como propõe Kardec, compromissada com a lógica e o bom senso.
Somos Espíritos imortais. Vivenciamos múltiplas experiências no passado. Vivenciaremos incontáveis experiências no futuro. Aprenderemos sempre, rumo a gloriosa destinação. Seremos Espíritos puros e perfeitos, integrados na harmonia do Universo, prepostos de Deus, coparticipantes na Criação.
Cada um de nós tem uma idade espiritual e nossa personalidade, facilidades e limitações, tendências boas ou más, é o somatório do que aprontamos no passado.
Vicissitudes, problemas e dissabores que enfrentamos guardam idêntica origem. Tanto melhor os enfrentaremos, quanto maior a nossa confiança em Deus e a disposição de lutarmos contra milenárias imperfeições, buscando fazer o que o Senhor espera de nós.
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